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O dia acabou em pizza


O dia começou penoso, para além da tristeza da despedida, logo manhãzinha, a chuva miudinha que interrompeu dias maravilhosos de sol, o caminho até ao aeroporto parecia interminável... o GPS dava acidente e o António que me conduzia e seguiria depois para a Covilhã num trabalho do Banco onde trabalha, levou-nos por um percurso hiperbólico à volta de Lisboa que terminou num dos pisos inferiores do estacionamento de uma grande superfície em Telheiras. Para trocar de carro com um colega. Com duas malas e mais uma de mão carregadas de livros aceitei a gentileza do jovem bancário mas logo que chegámos à superfície um táxi providencial iniciou-me num novo percurso pelo meio de um trânsito compacto e molhado em que todos os sinais exigiam prudência.. Nem podia ser de outro modo quando se seguia quase a passo. Duas horas depois estava acomodado o melhor possível no grande aeroplano fazendo contas ao livro a que me dedicaria durante a minha expedição supersónica e ao bloco para ir tirando notas. Como no avião não se pode ir a lugar nenhum, convenço-me sempre que sete horas viagem pode reunir todas as vantagens de uma workshop, ainda que solitária. No último instante tinha-me decidido a trazer à mãos dois livros qual deles o mais cativante embora o mais diferentes em tudo, embora seja arriscado dizer que nada se relaciona com quê. Já tinha iniciado a leitura de ambos em Lisboa não estava, pois, à espera de surpresas mas de puro prazer. Resolvi pegar num deles, e apesar dos sublinhados com que maltrato os livros que gosto, decidi-me a a voltar ao princípio. Afinal, tinha sete horas pela frente e, tirando as notas que só vagamente consulto, eram 253 páginas de texto corrido que se lê com crescente curiosidade e deleite. Apenas terminei a primeira parte. O livro tem mais duas e um epílogo para além das referidas Notas que só elas ocupam 130 páginas que dão para uma investigação extraordinária. Digo apenas isto porque o livro salvou o meu dia, em corridas por terra e pelo ar até à suave aterragem em Luanda às 21:21! Registei a coincidência como um bom augúrio embora tenha chegado demasiado tarde para um jantar há muito tempo aprazado com alguns amigos. Tive de trocar um esplêndido bacalhau por uma pizza que, como se vê pela imagem mais parece um prémio para exibir na lapela... fosse ela mais pequena. Restam-me os livros, os dois que trouxe à mão e os outros todos que me pacientemente me acompanham há meses nas minhas idas e vindas sem nunca se lamentarem das minhas pequenas traições de os trocar uns pelos outros. Hesitei em colocar este post no meu site, mas uma coisa que aprendi no livro que tão concentradamente li com a cabeça entre as nuvens, isto faz parte do meu "bricolage religioso", pois como o revela argutamente o autor o DIY, o acrónimo de do it yourself aplica-se também às novas vivências da religião e da espiritualidade. "Por muito estranho que pareça, nessas vivência incluem-se a cartomância

e o tarot, a doutrina e a prática do veganismo, a leitura de búzios e doutras conchas do mar, as aulas de dança no varão para donas de casa, a moda das selfies (uma actividade de risco que já provocou algumas mortes) ou o desejo de expressão individual patente na criação de "uma página" - de uma página pessoal - no Facebook ou demais redes electrónicas. E também a obsessão em acumular o maior número de likes no que se escreve, opina e, sobretudo, exibe (imagens atrás de imagens) ou a ânsia sôfrega por reunir a maior quantidade possível de seguidores, que se expressam em dialecto próprio com sinais gráficos ou acrónimos". Continuando este exercício algo penoso de nos vermos ao espelho, o autor continua com alguma comiseração referindo que "encontramos também um profundo desejo de auto-expressão, com laivos espiritualistas...." Vou continuar a ler António Araújo até ao limite das minhas forças apenas retemperadas por esta pizza tropical e pensar entre o a sonhar e o acordado que temas poderei abordar ainda e que não se confundam com qualquer ânsia sôfrega mesmo que sofredora!

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