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Agnela

  • santosonofre
  • 8 de mar. de 2017
  • 3 min de leitura

Foi uma homenagem à mulher angolana e à cultura. Quem quiser saber tudo sobre Agnela Barros tem o Google, as revistas e os jornais e sei lá que mais.... O que eu queria dizer, não para me associar ao dia da mulher que para mim são todos os dias do ano e até as noites em que sonho, foi o que Orlando Capata, no seu habitual registo hilariante evocou, imitando a Agnela num dia da abertura da escola de teatro a que toda a vida se dedicou: "os meninos ficam já a saber que não vêm para aqui para aprender a ser artistas.... isso não se aprende, nem aqui, nem em parte alguma... aqui, apenas quem já nasceu artista aprende a ser melhor!!! O genial Mozart também foi um dia abordado por um aspirante a músico pedindo que o ajudasse a escrever uma sinfonia.... Embora irreverente Mozart apiedou-se do jovem e aconselhou-o a começar, talvez, por uma sonata. Todavia a ignorância é atrevida e assim o ambicioso pianista, confundindo idade com talento, recordou que ele, Mozart, com 5 anos já escrevera a sua primeira sinfonia. A resposta de Amadeus não podia ter sido mais irónica e cortante: "mas eu meu amigo, não pedi a ninguém que me ensinasse..."

Voltando a Agnela, para ser justo, ela não é o exemplo da mulher de sucesso.... há ainda uma multidão incontável de mulheres a precisarem de ser recordadas e urgentemente respeitadas por Angola fora e pelo mundo, que não há exemplos que equilibrem a actual insanável desigualdade de géneros. Agnela é mais um exemplo de uma pessoa que trabalha, trabalha e trabalha.... para que todos os que dela dependem ou com ela se cruzem se tornem melhores, independentemente de serem homens ou mulheres. Foi até curioso ver ontem no Camões que a grande maioria das pessoas que abarrotavam o salão Pepetela ou subiram ao palco para a elogiarem em prosa ou em verso, eram homens. Em boa verdade, a comemoração não foi tanto da mulher, como da arte que ela sempre promoveu e continua a promover com uma persistência humilde, encantadora.

Quando em 2012, por indicação do Jacques dos Santos, que ontem emocionado também lá estava, pedi à Professora Doutora Agnela Barros para fazer a apresentação do meu primeiro livro de contos, combinamos um almoço no Trópico, para nos conhecermos. Ela já tinha lido o Conto da Sereia mas, inteligentemente e com perspicácia feminina, quiz confirmar se "a bota batia com a perdigota". Dias depois, na Universidade Lusíada, Agnela fez uma uma descrição curiosíssima dessa minha tímida primeira incursão pela ficção que hoje, embora tardiamente não resisto a publicar, por vaidade minha decerto, mas também por gratidão para com a autenticidade de Agnela, uma autenticidade de que não duvido, mesmo não sendo eu capaz de escrever assim. Por ironia do destino ao fazer aqui uma pequena transcrição dessa sua apresentação, acabo por render a minha peculiar homenagem a todas as mulheres que enchem o universo deste 8 de Março de 2017:

"O Conto da Sereia simboliza uma ode ao mar, à infinitude, à beleza feminina, ao amor e à paz, que se exprimem de diferentes maneiras. Através da suavidade e delicadeza da sua escrita em que a mulher é tratada como uma flor de porcelana, frágil e sensível. É elogiada a sua feminilidade, através de uma linguagem que valoriza o erotismo, mas não a sexualidade explícita ou vulgar. Para si, amar é uma eterna espera cuja felicidade advém de pequenos gestos. Mas também com uma faceta contemplativa, diria mesmo platónica, em que se ama o próprio amor. Estar apaixonado pode indiciar um modo de ser e estar na vida, que se completa com o encantamento da sereia, próxima mas distante."

 
 
 

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