Passagem de testemunho
Dança carnaval há 39 anos. individualmente conquistou 14 títulos. Agora anunciou que este foi o seu último entrudo enquanto comandante. Esta notícia deixou colegas e dirigentes carnavalescos perplexos...
Com a devida vénia ao O PAÍS desta manhã, procurei entender este homem fogoso, cheio de memórias que se retira deixando o comando da pista a outros mais novos que não faltam... as seis razões que o levaram a esta sua decisão irrevogável:
Primeiro a saudade que é sempre uma coisa terrível... nunca mais houve outro carnaval como o de 1978, o carnaval da vitória... "aquilo sim foi um carnaval de verdade..." Segundo o desencanto , "no passado não estávamos tão preocupados com valores monetários, hoje a dinâmica não é a mesma...", Terceiro a música era ao vivo... tinha de se ter garganta e talento...hoje é tudo playback... qualquer um pode ser um grande artista... Quarto a coreografia... querendo ser originais só copiamos o que outros fazem... ora o semba é a nossa marca e tudo o que é fugir daquela base é tudo menos semba.... Quinto o carnaval é espontaneidade e criação quando tudo é visto ao mínimo detalhe para não falhar um passo e não perder o prémio e se rodopia com medo de errar ganha-se é o medo de dançar e adeus emoção e espectacularidade!
A competição, porem, assim o exige e há regras apertadas para ganhar um concurso: o júri classifica sete diferentes categorias da alegoria, corte, painel, comandante, falange de apoio, dança, canção em que o somatório, dá um resultado final que dita quem vence. Posso ser o melhor comandante, mas não ter a melhor alegoria... e vice versa.
O que o Comandante não perde nunca é a lucidez e avisa: não vou deixar de dançar o carnaval. Apenas vou deixar de comandar o grupo, pois esta função exige muito e reconheço que já não tenho a mesma ginga. Os 25 minutos na pista deixam-me totalmente cansado. Continuarei no grupo como dirigente e a preparar às futuras gerações. É assim mesmo Comandante Pedro Garcia Vidal. Muitos parabéns e muitos carnavais!
